Em meio à rotina agitada do Hospital Adventista do Pênfigo, algo especial acontece periodicamente: um lembrete discreto nos computadores que convida todos a pausar suas tarefas e dedicar um momento a Deus. Essa prática, que integra o programa “10 Dias de Oração”, se transformou em um marco no cotidiano da instituição, envolvendo não apenas os colaboradores, mas também os pacientes. Durante dez dias, todos tinham a oportunidade de se conectar espiritualmente, refletir e orar.

Colaboradores do Hospital Adventista do Pênfigo em pausa para oração e reflexão durante a rotina de trabalho.
O projeto, promovido anualmente, foi uma ação significativa para promover a união e o crescimento espiritual dentro do hospital, conforme explica o diretor espiritual da instituição, pastor Clayton Freitas. “O ‘10 Dias de Oração’ foi um período de intensa comunhão e fortalecimento espiritual. Ver o envolvimento de todos – de médicos e enfermeiros aos pacientes – foi algo emocionante. Cada setor participou como pôde, no tempo disponível, mas com um compromisso genuíno com a oração e o estudo da Palavra. Para nós, é essencial que o hospital reserve esse tempo para falar sobre a oração. Ela fortalece nossa missão de cuidar integralmente das pessoas, refletindo em como atendemos nossos pacientes e nos relacionamos com eles”, afirmou.

Pastor Clayton Freitas durante cerimônia de santa ceia no encerramento do programa 10 Dias de Oração no Hospital Adventista do Pênfigo.
Além das orações nos turnos de trabalho, o hospital criou espaços específicos para que pacientes e colaboradores pudessem dedicar momentos de reflexão, meditação e oração em privacidade. Esses espaços se tornaram um convite constante ao cuidado espiritual, que complementa a missão de curar e tratar.
Uma missão que transcende gerações
A missão do Hospital Adventista do Pênfigo, que vai além do cuidado físico, é um legado que atravessa gerações. E, em 22 de fevereiro de 2025, esse compromisso com o cuidado integral foi reafirmado de uma forma profundamente simbólica: com o batismo de Sebastião Rodrigues, um ex-paciente que vivenciou uma transformação espiritual no próprio hospital onde ele e sua mãe buscaram tratamento.

O ex-paciente Sebastião Rodrigues ao lado do capelão do HAP, pastor Jorge Junior em seu batismo durante o encerramento dos 10 Dias de Oração.
A história de Sebastião começa em sua infância, quando sua mãe, Geraldina de Oliveira, foi diagnosticada com o Pênfigo Foliáceo – doença popularmente conhecida “Fogo Selvagem”. Em busca de tratamento, ela veio do interior do Mato Grosso do Sul para o Hospital Adventista do Pênfigo, onde ficou internada por um ano. Durante sua estadia, não apenas recebeu cuidados médicos, mas também encontrou apoio espiritual e emocional, momento que a levou a conhecer a Bíblia e se tornar adventista. Mais tarde, ela transmitiu seus valores e ensinamentos a seus filhos, incluindo Sebastião que cresceu na comunidade de fé adventista. Mas, na fase adulta, afastou-se do convívio da igreja. No final de 2023 Sebastião contraiu uma infecção pulmonar muito grave e foi encaminhado para o CTI do mesmo hospital onde, anos antes, sua mãe tinha buscado tratamento. Depois de 30 dias ele passou de um diagnóstico crítico para uma alta hospitalar que parecia impossível. “Quando eu estava hospitalizado eu fiz um pedido a Deus de que queria receber a visita do pastor do hospital. Naquele momento, fui visitado por um enfermeiro, que orou comigo e percebeu minha angústia. Algum tempo depois, os pastores vieram, oraram comigo e passaram a me acompanhar. Toda a equipe foi muito atenciosa e me deu suporte através desse acompanhamento contínuo. Muitas pessoas ali estavam orando por mim e como um milagre me recuperei”, emociona-se.
No mesmo local onde anos antes sua mãe tinha iniciado sua caminhada espiritual que gerou frutos em toda a sua família, em 2024, Sebastião decidiu que era a sua vez de trilhar o mesmo caminho percorrido por sua matriarca. “Depois de ser acompanhado por toda a equipe do hospital e receber não somente os cuidados físicos, mas também o espiritual, enquanto eu estava ali, no leito de número 4 daquele CTI, tomei a decisão de caminhar ao lado de Cristo e, ao sair dali, me batizar”, lembra.

Depois de um período internado na instituição, Sebastião recebeu, além do tratamento médico, suporte espiritual através da capelania do hospital. O resultado desse acompanhamento colaborou para a sua decisão pelo batismo.
Decisão que foi sendo amadurecida e, depois de um período sendo acompanhado e visitado pelos capelães da instituição, essa decisão tornou-se realidade no último sábado (22) durante o encerramento do programa 10 Dias de Oração em 2025. “Assim como minha mãe, sou muito grato a Deus pelo cuidado que Ele teve por mim através do Hospital Adventista do Pênfigo. Por mais de uma vez esse lugar fez parte da minha história e hoje é testemunha do meu compromisso de retomar a minha vida espiritual. Não poderia ser diferente a minha decisão depois de testemunhar tantos milagres aqui dentro, especialmente o meu”, acredita.

Santa ceia realizada durante encerramento do programa 10 Dias de Oração no Hospital Adventista do Pênfigo.
Há 75 anos, o Hospital Adventista do Pênfigo tem colecionado histórias de cura e vidas transformadas, seja através do cuidado físico, seja pelo alcance espiritual de sua missão. Uma missão que atravessa gerações. E para fortalecer essa missão na mente e nos corações de cada um dos colaboradores o hospital finalizou o programa ‘10 Dias de Oração’ com uma vigília especial, além de uma cerimônia de santa ceia e da cerimônia de batismo do ex-paciente Sebastião Rodrigues. “A nossa instituição trabalha sob o lema de ‘servir, curar e salvar e decisões como a do Sebastião e momentos como o de hoje nos ajudam a lembrar o sacrifício de Cristo, a renovar a esperança e a fortalecer a fé de cada colaborador desse hospital que nasceu com o objetivo de curar o físico, mas principalmente, salvar para a eternidade”, conclui Anderson Monteiro, pastor e capelão da instituição.
Fotos: Gustavo Camargo