Para marcar o Julho Amarelo — mês dedicado à conscientização sobre as hepatites virais — o Hospital Adventista do Pênfigo convidou a hepatologista da instituição, Dra. Isadora Pereira, para esclarecer dúvidas frequentes sobre os sintomas, formas de prevenção, diagnóstico, vacinação e tratamento das hepatites A, B e C, que afetam milhões de pessoas no Brasil e no mundo.
Confira a entrevista completa:
HAP: Doutora, o que são as hepatites virais e por que elas merecem tanta atenção?
Dra. Isadora:
As hepatites virais são inflamações do fígado causadas por diferentes tipos de vírus. Na maioria dos casos, são silenciosas — ou seja, têm poucos ou nenhum sintoma. Mas isso não significa que não causem danos. Mesmo sem sintomas evidentes, essas infecções podem evoluir e comprometer gravemente o fígado, podendo levar à cirrose ou ao câncer hepático. Por isso, é fundamental dar atenção e fazer a busca ativa dessas infecções — ou seja, se testar regularmente, mesmo sem sinais aparentes.
HAP: Quais os principais tipos de hepatite viral que afetam a população brasileira?
Dra. Isadora:
Existem cinco tipos principais: A, B, C, D e E, mas os que mais preocupam no Brasil — e especialmente na nossa região — são as hepatites A, B e C.
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A hepatite A é geralmente transmitida por água ou alimentos contaminados, tem evolução benigna na maioria dos casos e é mais comum em locais com saneamento precário.
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A hepatite B é transmitida pelo contato com sangue contaminado, relações sexuais desprotegidas ou da mãe para o bebê durante o parto. Pode se tornar crônica e causar sérios danos ao fígado.
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A hepatite C, por sua vez, é transmitida principalmente por contato com sangue contaminado, como compartilhamento de objetos cortantes ou materiais de manicure, tatuagens ou procedimentos médicos sem esterilização adequada. Ela também pode se tornar crônica e evoluir silenciosamente por muitos anos.
HAP: As hepatites são doenças silenciosas. Quais os sinais de alerta mais comuns? Quando devemos procurar um médico?
Dra. Isadora:
As hepatites virais têm um espectro bastante amplo de manifestações. Muitas vezes são assintomáticas, mas em outros casos os sintomas podem ser intensos. Os sinais mais comuns incluem:
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Cansaço, indisposição, febre baixa
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Desconforto abdominal do lado direito (onde fica o fígado)
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Pele e olhos amarelados (icterícia)
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Urina escura
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Fezes claras
Em casos mais avançados — especialmente quando a infecção é antiga — o paciente pode descobrir que tem hepatite já nas fases de cirrose hepática. Por isso, é essencial prestar atenção ao corpo. Notou algo diferente? Procure orientação médica o quanto antes. Só um profissional poderá avaliar e investigar adequadamente a causa dos sintomas.
HAP: Existe vacina para hepatite? Quem deve se vacinar e onde ela está disponível?
Dra. Isadora:
Sim, temos vacina para a hepatite A e para a hepatite B.
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A vacina contra hepatite A é indicada principalmente para crianças a partir de 15 meses, mas também pode ser aplicada em adultos que não foram imunizados.
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A vacina contra hepatite B é parte do calendário vacinal infantil e está disponível para todas as idades, inclusive adultos não vacinados.
Essas vacinas estão disponíveis gratuitamente nas unidades básicas de saúde (UBSs) e fazem parte do calendário nacional de imunização. É muito importante verificar sua carteirinha de vacinação e colocar em dia, caso necessário.
HAP: Como é possível diagnosticar a hepatite viral? O exame é simples?
Dra. Isadora:
Sim, o diagnóstico é simples, rápido e acessível. O teste rápido é feito com uma gotinha de sangue retirada da ponta do dedo, e em poucos minutos já é possível saber se a pessoa teve contato com os vírus B ou C.
Esses testes estão disponíveis gratuitamente nas unidades de saúde da família, e qualquer pessoa pode procurar esse serviço. Recomendamos fortemente que todos façam esse teste pelo menos uma vez na vida — principalmente adultos que nunca foram testados.
HAP: Quais cuidados ajudam a prevenir as hepatites no dia a dia?
Dra. Isadora:
A prevenção varia conforme o tipo de hepatite, mas de forma geral, os principais cuidados são:
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Lavar bem as mãos e os alimentos (para prevenir hepatite A)
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Evitar compartilhar objetos perfurocortantes, como alicates, lâminas de barbear ou seringas
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Usar preservativos nas relações sexuais
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Garantir que procedimentos estéticos ou médicos sejam feitos com materiais esterilizados
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Tomar as vacinas disponíveis
HAP: Se uma pessoa for diagnosticada com hepatite B ou C, qual o caminho? Há tratamento ou cura?
Dra. Isadora:
Sim, há tratamento para hepatite B e cura para hepatite C.
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A hepatite B tem tratamento com medicamentos antivirais que ajudam a controlar a carga viral e prevenir danos ao fígado.
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Já a hepatite C tem tratamento altamente eficaz, com medicamentos que podem levar à cura completa da infecção em poucas semanas.
O mais importante é o diagnóstico precoce para que o acompanhamento e o tratamento sejam iniciados antes que o fígado sofra lesões irreversíveis.
HAP: Qual mensagem a senhora deixaria para quem ainda não se testou ou desconhece o seu status em relação às hepatites?
Dra. Isadora:
O conhecimento é o primeiro passo para a prevenção e o cuidado com a saúde. Se você nunca fez o teste para hepatites, este é o momento! Não espere ter sintomas. A maioria dos casos é silenciosa, e descobrir precocemente faz toda a diferença. A testagem é rápida, gratuita e pode salvar vidas.
Cuide do seu fígado. Faça o teste. Previna-se.
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