Hospital Adventista do Pênfigo
O Hospital Adventista do Pênfigo está em Campo Grande há 73 anos e apesar de ser conhecido internacionalmente muitas pessoas não sabem o porquê deste nome.
A origem do hospital é resultado da busca do pastor adventista Alfredo Barbosa de Souza, que em 1947 viu sua esposa, Áurea de Souza, sofrer com a doença Pênfigo Foliáceo, cuja cura ainda era desconhecida. Decidiu, então, procurar ajuda em diversos hospitais do Brasil e até mesmo fora do país.
Pênfigo Foliáceo
O que é?
É uma doença auto-imune caracterizada essencialmente pelo aparecimento de bolhas que se descamam como folhas (daí o nome “Foliáceo”). Essas bolhas ocorrem principalmente nas áreas expostas ao sol como rosto, tórax e membros superiores e, eventualmente, o couro cabeludo, podendo, em alguns casos, evoluir para todo o corpo em um estado em que predominam crostas e descamação generalizada, nos casos em que não adequadamente tratada a doença.
A doença do Pênfigo pode ocorrer com qualquer pessoa em sua forma endêmica (chamada de Pênfigo de Cazenave), mas é mais comum ocorrer em sua forma endêmica nas áreas da região Centro-Norte da América do Sul (região onde recebeu o nome popular de “Fogo Selvagem”).
Início da cura
Em uma de suas passagens por Campo Grande Alfredo encontrou um casal, cuja esposa sofria da mesma doença que Áurea, entretanto, esse casal relatou que a esposa estava tendo sucesso no tratamento graças à uma receita de um homem que morava no interior do estado, em Sidrolândia, uma cidade vizinha à capital.
O nome do detentor da “fórmula mágica” era Isidoro Jamar, um farmacêutico argentino. Barbosa visitou Jamar e comprou o remédio, um simples concentrado à base de piche e fortificante que ajudou Áurea a ter novamente uma pele saudável, além de disposição para lutar pela vida. De volta a Campo Grande, Alfredo se hospeda na casa da família de Bernardo Franco Baís (já falecido, Bernardo foi um imigrante italiano que se tornou um respeitado comerciante de Campo Grande e por conta de seus feitos à época, conquistou o título de primeiro prefeito eleito da cidade de Campo Grande). Durante sua passagem pela cidade encontrou uma menina que também sofria com “Fogo Selvagem”. O pastor foi então até Sidrolândia em busca da fórmula para tratar a menina (sabe-se que ela se chamava Corina). Para dar sequência ao tratamento de Corina, o pastor conseguiu um terreno emprestado pela família Baís. O terreno estava localizado próximo ao centro de Campo Grande. Nesse período, a notícia da cura se espalha e outros doentes começavam a chegar à capital em busca do tratamento. Na época
ainda muito pouco se sabia sobre a doença do Pênfigo, por isso, a Secretaria Municipal de Saúde com medo de que a doença fosse contagiosa não permitiu que o pastor Alfredo desse continuidade ao tratamento dos doentes naquela região e o aconselhou a procurar um local afastado para atendê-los. Tempos depois foi descoberto que a enfermidade não é contagiosa, mas uma doença autoimune.
Nasce um hospital
Em 1949 a família Baís doa à Missão Adventista cerca de 40 hectares de sua fazenda, localizada a 15 quilômetros fora do centro de Campo Grande. Ali nascia o que um dia seria o Hospital Adventista do Pênfigo. Um local com instalações ainda rudimentares começa então a funcionar para trazer alívio e a possibilidade de cura a tantos doentes acometidos com a doeça do “Fogo Selvagem”.
Nos primórdios do Hospital do Pênfigo palhoças de madeira abrigavam leitos improvisados para o tratamento da doença. Em uma espécie de força-tarefa, adventistas de vários lugares chegavam para unir-se à missão e cuidar dos pacientes, entretanto, ninguém sabia desenvolver o remédio responsável pelo tratamento bem-sucedido da doença. O autor da primeira fórmula que deu início ao tratamento, o farmacêutico argentino Isidoro Jamar, estava doente, com tuberculose e na fase final da doença. Decidiu, então, fornecer a sua fórmula aos adventistas para que curassem outras vidas e continuassem aquilo que ele começou.
Em 1952 chega o primeiro médico do Hospital Adventista do Pênfigo, doutor Edgar Bentes Rodrigues. Naquele período, o primeiro prédio tinha 25 leitos e posteriormente o local onde o primeiro prédio funcionou se tornou um laboratório de análises clínicas.
E antes mesmo do primeiro prédio do hospital ser inaugurado, já havia mais pacientes que sua capacidade de acomodação, tamanha a procura pela cura da doença e o alcance da notícia que um hospital da cidade de Campo Grande havia descoberto a cura para a enfermidade. Em 1962 o Hospital Mato-Grossense do Pênfigo (primeiro nome) registrou 478 casos de “Fogo Selvagem”. Desses, 167 foram declarados curados, 108 tiveram a doença estagnada e 13 casos de morte pela enfermidade foram registrados. Na década de 1960, o médico alemão doutor Günter Hans chega ao Hospital para trabalhar e contribuir com a missão. O tratamento da doença é, então, atualizado (corticoterapia), conforme os últimos conhecimentos da época que mostravam que a doença era auto-imune. Sob a firme e fundamental direção do doutor Günter Hans entidades filantrópicas internacionais auxiliaram na construção de um novo hospital com capacidade para 60 leitos, inaugurado em 1966. Em 1975 começou a ser planejada uma ampliação para um Hospital Geral. Em 1982 foi inaugurado o novo Hospital do Pênfigo, que contava com uma nova ala com 16 apartamentos, além de um novo Centro Cirúrgico.
É nessa data que a instituição passa a ser o Hospital Adventista do Pênfigo (nome atual) e abre suas portas ao atendimento de pacientes de Clínica Geral e Cirurgia. A estrutura física da instituição passou por diversas modificações, ampliações e reformas até chegar às atuais instalações. No primeiro edifício, no espaço limitado que atendia apenas pacientes de “Fogo Selvagem” hoje funciona uma parte do Centro de Vida Saudável (SPA Wellness do Hospital Adventista do Pênfigo). Na outra parte desse primeira estrutura funciona hoje a ala dermatológica da instituição, entre eles, primordialmente o atendimento a pacientes de Pênfigo Foliáceo. É importante ressaltar que esses pacientes portadores de Pênfigo Foliáceo (vulgo “Fogo Selvagem”) são atendidos filantropicamente ainda hoje. Atualmente o setor de Dermatologia atende pacientes portadores de doenças na pele, anexos e unhas, tanto na área clínica, como cirúrgica.
Expansão
Nova Unidade do HAP
Em 2007 o Hospital Adventista do Pênfigo (HAP) continuou expandindo e adquiriu uma nova unidade hospitalar dentro da cidade de Campo Grande. Até julho de 2007 o HAP contava com a unidade matriz, localizada na saída para Sidrolândia, e um consultório médico, localizado na região central da capital. Em agosto de 2007 com o objetivo de ampliar o atendimento à população campo-grandense a instituição adquiriu o Hospital Maternidade “Pro Matre” e passou a atender em três diferentes unidades hospitalares na cidade. A nova aquisição passa então a se chamar “Hospital Adventista do Pênfigo – Unidade Centro”. Atualmente, além de internações obstétricas, o hospital realiza cirurgias ginecológicas, ortopédicas, vasculares, plásticas e gerais, além de oferecer consultas ambulatoriais em 19 especialidades, exames de imagem e pronto atendimento de Ortopedia referência na cidade.