Em menos de um ano após ser habilitado para realizar transplantes hepáticos, o Hospital Adventista do Pênfigo (HAP), em Campo Grande (MS), atingiu um marco histórico: 30 transplantes de fígado realizados, todos pelo SUS. O mais recente, no dia 23 de abril, envolveu uma verdadeira corrida contra o tempo — com direito a apoio aéreo da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para garantir que o órgão chegasse em perfeitas condições até o centro cirúrgico.
O fígado veio de Dourados, a 230 quilômetros da capital, transportado por helicóptero até o pátio do hospital. “Esse tipo de operação exige sincronismo absoluto. Do doador ao receptor compatível, passando por exames, equipe médica e logística — cada etapa precisa funcionar com precisão”, explica o médico Gustavo Rapassi, responsável técnico pelo Centro de Transplante do HAP.
A façanha não é apenas técnica. É também humana. “Ontem, perdemos um paciente querido. Hoje, outro recebeu uma nova chance. Não dá tempo de lamentar. Cada minuto conta”, emociona-se Rapassi, que participa de todas as etapas do processo, da captação à cirurgia.
Desde julho de 2024, quando realizou o primeiro transplante de fígado no Mato Grosso do Sul, o hospital se consolidou como referência na área. A iniciativa reduziu a necessidade de pacientes se deslocarem para outros estados, permitindo que aguardem pelo procedimento perto da família — um fator que, segundo Rapassi, impacta diretamente na recuperação.

Helicóptero da PRF traz órgão de Dourados para o 30º transplante de fígado no Hospital do Pênfigo; equipe médica seguiu direto para o centro cirúrgico.
Esse avanço só é possível graças à parceria estratégica com a Central Estadual de Transplantes (CET), que atua como órgão regulamentador, fiscalizador e coordenador de todo o processo de doação e transplante no estado. Desde a identificação do potencial doador até o pós-transplante, a CET acompanha cada etapa: exames, confirmação da morte encefálica, entrevista com familiares, retirada do órgão, inserção no sistema nacional e definição da logística de transporte e distribuição. No caso do transplante recente, a doação realizada em Dourados seguiu os protocolos estaduais, contemplando pacientes da fila única do Mato Grosso do Sul. Com apoio de instituições como a PRF, a CET viabiliza a logística segura e ágil, aumentando as chances de sucesso do procedimento. A parceria entre a CET e o Hospital Adventista do Pênfigo tem sido essencial para garantir a continuidade e eficiência dos transplantes no estado.
Para Claire Miozzo, coordenadora da CET, o avanço é motivo de orgulho. “Era uma das nossas maiores metas. Hoje, com o apoio do HAP, conseguimos realizar transplantes hepáticos aqui mesmo, com dignidade e proximidade”, destaca.
O diretor-geral do HAP, Everton Martin, reforça que o feito representa mais que um número. “Esse avanço traduz nosso propósito: salvar vidas com excelência, humanidade e fé. Cada transplante é uma rede de solidariedade, técnica e amor ao próximo.”
Atualmente, o HAP já contabiliza 34 transplantes de fígado desde o início do serviço. Hoje, 14 pessoas aguardam na fila estadual por um fígado. Com uma média de 3,5 transplantes por mês, o Hospital Adventista do Pênfigo consolida-se como um pilar de esperança e excelência no atendimento de alta complexidade no Mato Grosso do Sul.